Neste Blog você poderá observar algumas fotos realizadas por mim em meio à Natureza e algumas em situações inesperadas.
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A ZUNGUEIRA O miúdo nas costas, faminto O sol queimando O sol assando O miúdo nas costas, faminto de alimento As moscas acariciando-o E o lixo distraindo-o!
A zungueira zunga, cansada Na cabeça, o negócio e o sustento E nos pés empoeirados O cansaço dos quilómetros galgados O cansaço da distância percorrida A zungueira zunga, o miúdo nas costas faminto!
A zungueira zunga, cansada E vai gritando e berrando a plenos pulmões: Arreou, arreou, arreou nos limões... A zungueira zunga, empoeirada E arreia o negócio, arreia o preço e faz desconto Arreia o preço do sustento
O miúdo nas costas faminto A lombriga na barriga rói, a lombriga pede O miúdo nas costas, faminto de alimento Chora e berra Não é birra É a fome que aperta, é a fome da sede!
A zungueira zunga, apressada E arreia o negócio, arreia o preço: Arreou, arreou, arreou no chouriço... A zungueira zunga empoeirada E arreia o preço do negócio Arreia o preço da mercadoria, coisas do ofício
Depois, a viatura da fiscalização Os travões chiam, as marcas dos pneus no asfalto E os homens arrogantes a perseguirem E a baterem E a zungueira a fugir, e o negócio e o sustento Caídos, espalhados no chão!
Depois vem o fiscal, também faminto, “Você tem autorização? Acompanha, isso é transgressão!” A zungueira implora e mostra a fome: Tem dois dias o miúdo não come A lombriga na barriga precisa alimento!
O fiscal, também faminto Arreia o lucro da zungueira cansada E desesperada Arreia o lucro, senão a zungueira vai presa Senão a zungueira não volta a casa E a zungueira cede, com medo no pensamento
Depois a zungueira chega a casa De bolsos vazios, mas alívio no coração E grata, afinal não foi presa Afinal não foi à prisão A zungueira chega a casa, o miúdo faminto O miúdo sedento de alimento
Mas amanhã, a zungueira voltará a berrar Amanhã a zungueira voltará a arrear:
Arreou, arreou, arreou em qualquer coisa…
Décio Bettencourt Mateus in "Os Meus Pés Descalços"
Zungueira: Mulher vendedora que deambula pelas ruas Zungar: Deambular pelas ruas Arreou, arreou (...): Em jeito de cântico, as mulheres anunciam a baixa dos preços Posted by DECIO BETTENCOURT MATEUS
Um comentário:
A ZUNGUEIRA
O miúdo nas costas, faminto
O sol queimando
O sol assando
O miúdo nas costas, faminto de alimento
As moscas acariciando-o
E o lixo distraindo-o!
A zungueira zunga, cansada
Na cabeça, o negócio e o sustento
E nos pés empoeirados
O cansaço dos quilómetros galgados
O cansaço da distância percorrida
A zungueira zunga, o miúdo nas costas faminto!
A zungueira zunga, cansada
E vai gritando e berrando a plenos pulmões:
Arreou, arreou, arreou nos limões...
A zungueira zunga, empoeirada
E arreia o negócio, arreia o preço e faz desconto
Arreia o preço do sustento
O miúdo nas costas faminto
A lombriga na barriga rói, a lombriga pede
O miúdo nas costas, faminto de alimento
Chora e berra
Não é birra
É a fome que aperta, é a fome da sede!
A zungueira zunga, apressada
E arreia o negócio, arreia o preço:
Arreou, arreou, arreou no chouriço...
A zungueira zunga empoeirada
E arreia o preço do negócio
Arreia o preço da mercadoria, coisas do ofício
Depois, a viatura da fiscalização
Os travões chiam, as marcas dos pneus no asfalto
E os homens arrogantes a perseguirem
E a baterem
E a zungueira a fugir, e o negócio e o sustento
Caídos, espalhados no chão!
Depois vem o fiscal, também faminto,
“Você tem autorização?
Acompanha, isso é transgressão!”
A zungueira implora e mostra a fome:
Tem dois dias o miúdo não come
A lombriga na barriga precisa alimento!
O fiscal, também faminto
Arreia o lucro da zungueira cansada
E desesperada
Arreia o lucro, senão a zungueira vai presa
Senão a zungueira não volta a casa
E a zungueira cede, com medo no pensamento
Depois a zungueira chega a casa
De bolsos vazios, mas alívio no coração
E grata, afinal não foi presa
Afinal não foi à prisão
A zungueira chega a casa, o miúdo faminto
O miúdo sedento de alimento
Mas amanhã, a zungueira voltará a berrar
Amanhã a zungueira voltará a arrear:
Arreou, arreou, arreou em qualquer coisa…
Décio Bettencourt Mateus
in "Os Meus Pés Descalços"
Zungueira: Mulher vendedora que deambula pelas ruas
Zungar: Deambular pelas ruas
Arreou, arreou (...): Em jeito de cântico, as mulheres anunciam a baixa dos preços
Posted by DECIO BETTENCOURT MATEUS
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